Uma miniodisseia na galeteria

Era uma tarde de sábado, dessas que você acorda tarde e fica amebando em frente à TV até a hora do almoço.  Fui andando até a Cobal do Humaitá. A minha missão era muito simples: devorar um delicioso galeto.

Fiz agora uma rápida pesquisa na internet  e vi que o galeto na brasa é uma iguaria que só existe no Brasil. A Itália faz algo semelhante, porém com pássaros.

Para acompanhar aquele néctar dos deuses, ou melhor, das granjas, eu tinha Coca-Cola, arroz, farofa e batata frita. O que mais eu podia querer? Chopp? Não, óbvio que não. Junto com a comida é inviável. Você fica imediatamente estufado e empapuçado, que nem o Baiacu do comercial da Skol 360. Um gole de chopp durante uma refeição equivale a 2 litros deste mesmo chopp em condições normais.  Quanto a comer uns petiscos, não tem problema, mas é bom ficar de olho.

Depois da segunda garfada no galeto, posei os talheres, fiquei um tempo bebericando a Coca, bastante pensativo, olhando para o infinito. Tomei mais um pouco de coragem e chamei o garçom:

– Eu sei que pode parecer bobagem, mas este galeto veio desossado. Eu queria o tradicional.

– O senhor não disse que queria o tradicional.

– Mas também não disse que queria o desossado. Se eu pedi um galeto, automaticamente é o tradicional, não acha? É como pedir uma Coca-Cola. Se eu não especificar se é light ou normal, você vai trazer a normal, certo? Aliás, foi o que aconteceu com esta Coca que eu bebo agora. Lamento muito por  esta solicitação, estou me sentindo mal com o desperdício, mas é que pra mim faz muita diferença.

Meio que à contragosto e sem dizer nada, o garçom levou o galeto paraguaio embora e me trouxe um novinho, que foi devidamente devorado em minutos. O arroz, a farofa e a batata já estavam frios, mas fiquei quieto. A cota de exigências e reclamações daquele sábado já havia se esgotado.

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